• Sítio: Castro de Sta. Comba
  • Época: Idade do Ferro/Romanização
  • Localização:   freguesia: Refojos de Basto;  lugar: Outeirinho; coordenadas: 41° 30' 24,7" - 7° 58' 32,9"; carta SCE nº 72
  • Enquadramento: Conjunto de cabeços arredondados e de pendores pouco pronunciados, adjacentes ao curso do Rio de Ouro. O substrato rochoso é composto por xistos, razão pela qual as encostas mais próximas do rio se encontram tão escavadas e íngremes. A cobertura vegetal oscila entre o pinhal, do lado leste do monte, e cultivos agrícolas em leiras existentes do lado oposto. Na periferia do sítio, e sobretudo no lado oeste, tanto a construção de habitações, e mormente do Solar de Santa Comba, como das leiras agrícolas, terão adulterado as já de si frustes evidências do sítio.
  • Descrição: O sítio apresenta uma configuração pouco clara, notando-se apenas em alguns sítios uma possível muralha, em xisto, que circunda a parte média do cabeço, em anel, naturalmente que se esbatendo do lado oposto, em virtude de os terraços agrícolas terem desconfigurado o terreno. Estranho que os vestígios de muros neste lado nordeste sejam ténues, e não se note qualquer alteração significativa na topografia do terreno. Contudo, já no lado oposto, são mais abundantes os achados de superfície e foi aqui que surgiu a estátua de guerreiro aquando das surribas para plantio de uma vinha. Este local do achado poderá coincidir já com o limite exterior do povoado.
  • Materiais associados: Neste sítio foi encontrada uma escultura em granito de grão médio/fino, com as dimensões máximas de 2,12 x 0,69 m, à qual falta a cabeça. Esta escultura representa um guerreiro Calaico, ostentando indumentária, ornamentos e armamento, que a seguir se descrevem: Os braços, caídos ao longo do torso, ostentam na parte superior dois braceletes (viriae) cada (ou mais provavelmente dois braceletes de dois toros). O peito estaria protegido por couraça, articulada por uma nervura visivel no centro do peito e costas. Apesar da inexistencia de cabeça, é ainda visivel um torques no arranque do pescoço. As duas mãos seguram, pelo interior e ao nível da cintura, um escudo redondo e côncavo, com 45 cm Ø, tendo ao meio umbo com moldura circular e cone. Junto ao pulso esquerdo notam-se as correias de preensão do escudo. A mão direita ampara o escudo e ampara uma curta espada de dois gumes, com remate de punho boleado, a qual se ergue sobre o lado direito do peito, na diagonal. Medindo 64 cm à cintura, mas visível só na parte traseira, vê-se um cinturão de três toros, rematando com uma roda flamejante de cinco raios. Do lado direito, um punhal curto de duplo gume, embainhado, com punho de remate boleado, tal como a ponta da bainha. Este punhal prende ao cinto por uma tira que a ele vai ligar no centro da frente e das costas. A estátua representa ainda um saio curto, que vai até meio da coxa. Os joelhos estão bem representados, e abaixo destes notam-se as polainas delimitadas por nervuras, que protegiam toda a canela. Sob as polainas, vemos botas de meio cano, com nervura frontal representando a abertura. A estátua tem um fino plinto com 5 cm de altura. Na metade inferior do escudo existe uma epígrafe, em latim.
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