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Sítio: Estátua de Guerreiro Calaico denominada "O Basto"
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Época: Idade do Ferro/Romanização, séculos Iº aC/Iº dC
- Localização: freguesia: Refojos de Basto; lugar: Praça da República; coordenadas: 41° 30’ 52,3’’ - 07° 59’ 40,7''; carta SCE nº 72
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Enquadramento: A estátua de “O Basto” situa-se hoje no extremo poente da Praça da República, fronteira ao mosteiro de S. Miguel de Refojos, proximo da ponte sobre o pequeno ribeiro que atravessa a vila, e defronte do edifício da Casa da Cultura. Esta imponente peça de estatuária sofreu várias relocalizações desde o seu aparecimento, sendo a sua maior permanência junto à ponte, a alguns metros do seu actual pouso. Em 1892 foi transferida para o largo da vila, onde ficou durante alguns anos, após o que voltou a ser reposicionada no local onde sempre tinha estado.
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Descrição: A estátua integra-se no grupo da estatuária de “guerreiros Calaicos”, e representa um guerreiro pertencente ao povo que habitou o Entre-Douro-E-Minho na Idade do Ferro. A peça, em granito, assenta sobre uma potente peanha quadrangular que não lhe pertence de origem. A figuração é a de um guerreiro em posição de parada, com os braços encolhidos junto ao corpo, como, de resto, o exigiria o talhe do granito, convergindo para o baixo ventre onde a mão esquerda empunha uma “caetra”, um escudo pequeno, redondo de face côncava e orla nervurada, e com um umbo ao centro, e a mão direita empunha uma espada curta, ou punhal largo. Ao equipamento defensivo juntam-se grevas e, talvez, polainas ou botins, das quais vemos sugestão nas caneluras que sobreviveram sobre o plano dos joelhos e logo acima do tornozelo. A indumentária é uma túnica, apertada à cintura por um cinto com três nervuras e uma placa ornamentada com um tríscele. A túnica termina a meio da coxa, configurando o que normalmente se designa por saiote. Os braços, de aspecto algo frágil, como já notou Martins Sarmento, estão ornamentados por viriae. À semelhança de outros exemplos, esta estátua terá fracturado a cabeça e os pés, aliás os pontos mais frágeis destas peças, razão pela qual lhe foi acrescentada uma cabeça de soldado, cuja iconografia é consentânea com a data da gravação dos caracteres que ostenta no peito e no escudo.
Martins Sarmento viu, e descreveu, esta estátua, no decurso da visita efectuada a Refojos em 30 e 31 de Maio de 1880. Estava, então, embutida numa parede, junto à ponte, e parcialmente rebocada com cal (Sarmento 1970, 30-1). Não parece aceitável a sua sugestão de que terá provindo do outeiro próximo denominado Vinhas de Mouros, onde não existe ocupação desta época, parecendo-nos mais coerente que tenha sido encontrada num dos castros das redondezas, nomeadamente de Santa Comba, de onde proveio uma outra estátua, da cividade de Riodouro, do castelo de S. Nicolau, ou do castelo, em Casares, Rossas.
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